Acabo de assistir ao filme "O Jardineiro Fiel" e aos últimos momentos do tributo em memória a Michael Jackson, e não consigo deixar de ver a conexão entre as duas coisas - o que não é de se estranhar, uma vez que tudo no universo está intimamente interligado.
"O Jardineiro Fiel" fala sobre testes de remédios realizados por uma indústria farmacêutica na população de um país africano, sem a menor responsabilidade e respeito a vida, apenas para economizar tempo, milhões em investimentos e sair na frente da concorrência, maximizando assim os lucros. Há, no entanto, um momento em especial no filme muito bonito, em que um dos personagens, ao sentir a aproximação da morte certa, estabelece um diálogo com um ente querido já falecido, e é como se os dois soubessem que um reencontro entre eles estaria na eminência de ocorrer. A beleza destas cenas está na magnitude e entrega que os últimos instantes da vida de uma pessoa podem conter, principalmente quando esta tem consciência de que chegou a hora. Não pude deixar de me emocionar.
Mas a emoção seguiu quando mudei de canal e passei a acompanhar o finalzinho do tributo ao rei do pop. Era cantada a música "We are the World", que tem Michael como um de seus compositores e foi usada numa campanha em prol da África. Daí a primeira relação entre o filme e a homenagem póstuma ao cantor. Há tanto tempo sabemos dos problemas do continente negro, mas a miséria, a fome e tantas outras mazelas continuam gritantes, o que me faz pensar se a humanidade como um todo tem prestado o devido auxílio aos irmãos africanos. Talvez com a copa de 2010 os olhos do mundo se voltem novamente para essas questões. É muito bom que tenhamos um evento de visibilidade mundial sendo realizado na África do Sul, para que possamos ver o quão maravilhoso e contagiante é o povo africano. Temos que ajudá-los, sim, mas também temos muito a aprender com eles.
A outra relação está na morte do personagem do filme e de Michael Jackson, pois ambas, na minha visão, carregam algo de belo. Nada melhor do que nos despedirmos de Michael num palco, com show, música, espetáculo e milhões de expectadores, pois assim foi sua vida. Todos sabemos das transformações transfigurantes e perturbações do astro, mas, contudo, ele foi apenas mais uma pessoa que lutou pelos seus sonhos, procurou se realizar naquilo que sabia e gostava de fazer e carregou belos sentimentos no coração (basta ver as letras de suas canções). Quem somos nós para julgar Michael Jackson? - ou qualquer semelhante?
Michael nos ensina com sua passagem ao outro mundo que a vida é um espetáculo, e que quando termina deve ser celebrada como tal (lição, aliás, que também aprendi com a passagem de um avô e duas avós). A essa altura, enquanto escrevo esse post, ele já deve ser mais um a brilhar no céu estrelado - não por ter sido o rei do pop, mas simplesmente por ter sido mais um a caminhar por esse lindo planeta azul.
(Quando a minha hora chegar também quero uma bela de uma festa hein, e todo mundo celebrando as coisas boas que vivi e deixei de herança por aqui. Seria bem legal um sarau, com leituras, música, comes, bebes e muita alegria. Já posso até ver, será bem bacana. E é bom atenderem meus desejos de moribundo, senão volto e puxo os pézinhos de todo mundo.)
Que Deus abençoe os que já se foram, os que um dia irão e os que ainda virão!
Beijos, abraços e namastê.
P.S.: estou postando hoje, mas o texto foi escrito ontem, dia 07/07.